A libertação de se aceitar imperfeita

Feminino para mim sempre foi sinônimo de delicadeza, beleza, eu não me sentia bonita, pois me achava muito magra e nunca fui a popular da escola.
Bonita para mim era ser loira, ter um cabelo perfeito (esse perfeito, eu queria dizer sempre, liso e loiro, mas não qualquer loiro, um loiro natural) e por muito tempo eu fui assim e mesmo assim, as vezes, não me achava linda, mas foi difícil entender que o lindo é relativo e que o linda viria de dentro e não de fora.
Na minha família mais próxima fui criada com liberdade, com confiança, mas ouvia de algumas pessoas mais distantes que eu teria que casar para ser feliz e talvez eu me permiti alguns relacionamentos dolorosos, pois de certa forma, isso era prioridade para mim, eu não me via, eu via o básico que eu recebia como o que eu merecia, eu via o básico como espetacular. Eu super valorizava o básico.
Já aceitei coisas pelo simples fato de querer companhia, de me dar a sensação de pertencimento, que nós, seres humanos, tanto buscamos.
Hoje quero casar, ter filhos, mas ainda não consigo identificar se esse sonho é meu ou se peguei de outras pessoas.
Hoje me sinto mais sendo eu mesma, na minha essencia, mas vire e mexe ainda me pergunto se estou no caminho certo, ainda me cobro sobre uma perfeição que nunca vai chegar, penso quanto seria legal ter alguém aqui, mas também me cobro um pouco por isso.
Nos cobramos pela censura quando a censura nos é dada, nos cobramos pela liberdade quando ela também nos é dada.
Como se tivéssemos que sermos perfeitas mesmo quando já estamos nos livrando da síndrome da perfeição.
Temos que ser amigas perfeitas, mães perfeitas, filhas perfeitas, feministas perfeitas, profissionais perfeitas.
E como isso cansa, como isso nos suga, como isso nos engana, nos tira totalmente do que somos em essência.
E quando na verdade, só precisamos ser felizes do jeito que cada uma individualmente achar correto, sozinha, namorando, casada, com filhos, sem filhos, revolucionária, sonhadora, mística, guerreira.
Imperfeitas, porém completas!

Foto: Ranielle Lima

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