O que podemos aprender com “As telefonistas”?

As telefonistas é uma série espanhola original, do Netflix que se passa no ano de 1928 em Madri, mas isso é algo que você pode encontrar em qualquer sinopse por aí.

“As telefonistas” fala de desigualdade seja ela de cargos, de poder dentro de casa e do trabalho, escolhas, relacionamentos abusivos.

A série segue uma trama muito boa, que nos prende, que nos traz reflexões a respeito dos desafios de ser mulher naquela época e onde cada personagem traz um tema diferente para que possamos refletir sobre nossas próprias vidas:

Marga é uma garota no interior que vai para a cidade grande para conseguir um emprego. Mesmo contra sua vontade, ela vai a mando da sua avó que diz que ela precisa ir em busca de uma vida melhor.

“As telefonistas” está repleto de figuras maternais, que assim como a avó de Marga mostra o quanto é importante o apoio e o cuidado umas com as outras.

Marga é a típica garota frágil, tímida e que tem medo de tudo, justamente por ser desconhecido por ela em vista da criação que teve no interior. Com o tempo, ela vai aprendendo mais sobre a vida e tendo mais autonomia.

Eu acredito que ela nos mostra o quão é importante nossa independência de forma bem clara.

Carlota é filha de sargento, mas começa a trabalhar contra a vontade de seu pai, pois ela mesma ela já sente mais a necessidade de liberdade e quer ser mais independência para não mais precisar do seu pai que é bem ditador quanto à filha.

Sua história também passa pela questão da aceitação, onde por mais que ela fosse bem livre em vista das outras mulheres, ela tinha vergonha de aceitar as escolhas que estava fazendo sobre sua  própria vida.

Ángeles é mãe e esposa. E esse foi um dos primeiros discursos que me chamou a atenção, de como as mulheres eram vistas como acessórios ou como apenas esposas e mães que não podiam ter seus próprios sonhos, isso me chamou a atenção, principalmente, pois isso ainda acontece muito!

Ángeles é traída e violentada pelo seu marido e algumas cenas chocam, chocam pela sua proximidade com a realidade. Ela sempre acredita que o marido vai mudar e também acaba deixando-se nesse papel para não perder a sua filha, já que na época, ela não tinha direito a separação, mesmo com as agressões.

E por fim, Alba/Lídia que é a personagem principal da trama, que vem para a cidade grande com seu amor de infância, mas acaba se perdendo dele e depois disso, ela faz de tudo para se manter viva, de pé.

Ela acaba sendo criada para ser mais fria, não amar, não ligar para as pessoas, tudo isso para se privar, mas  ela se vê mudando, quando conhece as meninas e reconhece nelas uma nova família e talvez um recomeço de vida.

Confesso que não é uma personagem que me cativou muito, acredito que por estar sempre se metendo em confusão (kk), mas é nítido ver o quanto ela é importante para a série e o quanto ela tenta mostrar outra visão para as suas amigas, de que elas não precisam passar pelo que passam.

Algumas “peculiaridades” da época chamam a atenção, como:

– A necessidade de ter uma autorização do marido para sacar dinheiro

– Como era, de certa forma, empoderador uma mulher trabalhar na época.

– Não poder se separar do marido, mesmo em caso de violência doméstica.

– Mulheres sendo presas por estarem reunidas para melhoria dos seus direitos.

– A mulher sendo sombra do marido mesmo tendo conhecimento sobre os assuntos pautados

Como você pode perceber, a série se passa em 1928 e por mais que tenhamos caminhado muito, ainda passamos por muitos desses desafios atualmente.

Cada episódio nos convida a fazer um paralelo entre o que já conquistamos e com o que ainda precisamos conquistar.

Afinal todas, ricas ou podres, queremos ser livres!

São casos que parecem tão distantes da realidade, mas que não são.

Segundo um levantamento feito pelo G1 em 2017, uma mulher é assasinada a cada duas horas no Brasil.

As estáticas nos mostram o quanto ainda temos que caminhar, o quanto ainda temos que lembrar, principalmente, que parece que conhecemos o mundo em que vivemos, mas as vezes, o que vemos é só uma bolha e fora dela, ainda tem um mundo todo.

“As telefonistas” é um drama real e é doloroso ver algumas cenas, pois é a arte imitando a vida, assistimos sabendo que aquilo realmente já aconteceu e acontece com muitas mulheres, em muitos lugares do mundo.

A série faz nos valorizarmos mais nossa história e nosso hoje, mostrando que é possível sim ser o que queremos.

A série nos traz um misto de sensações, choque de realidade,  mas um afago, pois por mais que a luta tenha sido dura, já conquistamos muito e nos traz um orgulho ainda maior por ser mulher.

Eu indico a série a todas que gostam de drama, mas principalmente, para as jovens que estão começando a formar sua visão sobre o mundo, sobre quem são, pois com a série, podemos valorizar mais quem somos como mulheres.

E você pode indicar até para aquela mulher que ainda tem um certo preconceito com a nomenclatura “feminista”,  pois os temas vão aparecendo de maneira bem natural e bem próxima à realidade.

A série está disponivel no Netflix, segue o trailer:

 

E você já assistiu, me conta nos comentários, o que achou!

Compartilhe:

4 thoughts on “O que podemos aprender com “As telefonistas”?

Deixe um comentário